Movimento dos bancários mantém negociações com bancos em defesa dos direitos dos trabalhadores

  1. A presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvândia Moreira, acredita que o Comitê de Crise montado pela entidade será fundamental para que o movimento dos bancários acompanhe e cobre o respeito às medidas de proteção à saúde que os bancos devem garantir aos seus trabalhadores.
    Combater a aglomeração de pessoas, solicitando inclusive auxílio das forças de segurança dos estados no controle das filas, em especial no retorno do feriado prolongado, é uma preocupação para esta semana, mas ela lembrou que a crise provocada pelo Coronavírus não tem data para terminar, porque não se sabe até quando as medidas de isolamento social vão durar.
    “Estamos assistindo a uma clara pressão pelo relaxamento das medidas, infelizmente estimulada pelo próprio presidente da República, e os bancos podem ser um dos focos de contágio”, ressaltou ela, durante a videoconferência, realizada na tarde desta quinta-feira (9) que reuniu dirigentes e funcionários da Fenae e das Apcefs num debate sobre o Coronavírus e os direitos dos trabalhadores.
    Juvandia lembrou que a crise não será de curto prazo e que a negociação com os bancos terá que continuar mês a mês, de acordo com evolução da pandemia e levando em consideração mudanças no mundo do trabalho que estão sendo promovidas pela pandemia. Se antes o cliente que utilizava canais digitalizados chegava no máximo a 60%, a projeção é que depois desse período esse índice suba para 90%. O teletrabalho pode se tornar uma realidade cada vez mais presente.
    “E a economia como um todo vai viver uma nova realidade de crise, com certeza, mas essa crise pode ser maior ou pior a depender de como o Estado vai coordenar todo esse processo” afirmou Juvandia, lamentando a demora do governo em dar respostas imediatas para a imensa massa de trabalhadores que estão sem renda.
    Juvandia Moreira também defendeu que os acordos entre sindicatos e bancos sejam cumpridos, como por exemplo, nas antecipação de férias (ou férias compulsórias) no período de quarentena. Segundo a presidente da Contraf, alguns bancos, como o Banco do Brasil, fizeram isso amparados pela MP 927. “O trabalhador, sozinho, não vai questionar porque ele tem medo de ser demitido. Dias de home office são dias trabalhados, tem que ser computados, não podem ser tratados como férias” A dirigente ressaltou que as centrais sindicais e a Central Única dos Trabalhadores (CUT) têm batalhado para manter os sindicatos nas negociações.
    Caixa
    Respondendo à pergunta da diretora de Saúde e Previdência da Fenae, Fabiana Matheus, Juvândia disse que a cobrança pela inclusão dos novos empregados Caixa no Saúde Caixa é constante nas mesas de negociação e ainda mais urgente nesse momento. Ela salientou que o atual protocolo da Caixa para o funcionamento durante a pandemia inclui os PCDs como grupo de risco, que não podem estar trabalhando.
    A subnotificação de casos, outra preocupação de Fabiana, segundo Juvandia, é uma realidade do país, já que os testes são poucos, mas que essa é já é uma reivindicação do movimento, testar o maior número possível de trabalhadores. Para Marcos Aurélio Saraiva, diretor de Comunicação e Imprensa da Fenae, é preciso fazer uma grande campanha de esclarecimento da população para que ela utilize mais os cartões que o dinheiro vivo, para evitar que ele seja manipulado pelos bancários.
    A diretora de Juventude da Fenae, Raquel Weber, chamou a atenção para a necessidade de o empregado de exigir o cumprimento do que foi negociado e ao mesmo tempo não aceitar assédio moral.
    Dionísio Siqueira, coordenador da CEE/Caixa, salientou que o protocolo da Caixa é claro ao dizer que não cabe ao gestor decidir se cumpre as normas, elas têm que obrigatoriamente serem acatadas, como a que impede que os PCDs trabalhem presencialmente. Da mesma forma uma pessoa com tosse, com febre ou qualquer dos sintomas do Covid 19 não precisa de atestado para se recolher em casa, deve ir imediatamente para a quarentena.
    Sérgio Takemoto, vice-presidente da Fenae sugeriu que as entidades elaborem uma carta conjunta a ser encaminhada ao Ministério da Saúde elencando as preocupações com as aglomerações e o funcionamento dos bancos, em especial agora em que é anunciada a liberação de recursos para vários setores da sociedade.
    Ao final do debate, Jair Ferreira, presidente da Fenae, disse que a intenção das conversas, que podem ser semanais e reunir até 250 pessoas do universo da entidade, é esclarecer sobre o momento de crise e pensar juntos como enfrentar os desafios que estão por vir.