Em um ano, bancos demitiram mais de 15 mil bancários. Lucros continuam em alta

Os dados provam o que a categoria sente na prática diariamente: a despeito dos lucros bilionários mesmo durante a maior crise sanitária, econômica e social do último século, os bancos demitiram mais de 15 mil trabalhadores em um ano. Considerando apenas março de 2021, foram fechados 1.988 postos de trabalho, mais que o dobro do mês anterior (+ 160,2%).

Entre os trabalhadores do setor financeiro, a categoria bancária foi a única com redução do quadro. Entre os trabalhadores do crédito cooperativo, da administração de cartões de crédito e dos planos de saúde, por exemplo, houve geração de 16.877 postos de trabalho nos últimos 12 meses. Até março deste ano, o saldo positivo é de 12.889, sendo 4.362 empregos gerados apenas em março, crescimento de 16,1% em relação ao mês imediatamente anterior.

Bancos como Itaú, Bradesco, Santander e Banco do Brasil foram responsáveis pelo fechamento de 13.790 postos de trabalho nos últimos 12 meses, sendo 14,6% deste total no mês de março. A Caixa fechou 1.843 postos no mesmo período acumulado.

Os banqueiros também seguem uma prática que vai na contramão de outros setores da economia. Enquanto os bancos enxugam significativamente o número de bancários e bancárias, grupos econômicos como agropecuária, indústria, construção civil, comércio e serviços mais contrataram do que diminuíram seus quadros de trabalhadores.

Lucros bilionários não combinam

A demissão em avalanche de milhares de trabalhadores bancários não combina com a luxuosa cifra bilionária alcançada pelas instituições financeiras enquanto o resto da economia traja encolhimento. Os lucros dos bancos seguem em ritmo acelerado. O Santander, por exemplo, obteve lucro líquido de R$ 4,012 bilhões no primeiro trimestre deste ano, o maior lucro trimestral do banco desde 2010.

E é lidando com a incoerência dos bancos, com a sobrecarga de trabalho e, consequentemente, com o adoecimento, que bancários e bancárias trabalham e garantem às instituições financeiras o montante de tantos dígitos. Os representantes da categoria, por sua vez, reivindicam mais trabalhadores no setor e mais respeito aos bancários.

“Diferentemente da tendência, inclusive no próprio sistema financeiro, na crise sanitária da Covid 19, a atuação dos bancos não têm sido diferente, elevam a intensidade do trabalho à máxima potência, por meio da política de metas desumanas e redução ainda mais no número de bancários, em que pese o aumento da demanda por atendimento, e seguem privilegiando a lógica do lucro independentemente do cenário econômico. É preciso reforçarmos a denúncia dessa irresponsabilidade dos banqueiros, junto à sociedade e aos clientes”, defende o presidente do Sindicato, Kleytton Morais.