23ª Conferência Estadual dos Trabalhadores do Ramo Financeiro de SC aconteceu no dia dos Bancários

A 23ª Conferência Estadual dos Trabalhadores do Ramo Financeiro de SC foi realizada neste sábado, 28, dia dos bancários e das bancárias, de forma online pelo aplicativo Zoom. Mais de cem bancários e bancárias participaram dos debates sobre “A Mutação do Sistema Financeiro e os Impactos para a Organização e Estrutura Sindical”, além de se interarem sobre o “Balanço dos bancos e as formas de precarização do trabalho”.

O objetivo da Conferência foi estimular o debate sobre como o movimento sindical deve se reformular para dar conta da nova realidade gerada pela pandemia, buscando reorganizar suas formas de luta e construir coletivamente estratégias para responder às mudanças garantindo e ampliando ainda mais os direitos da categoria.

 

O falecido dirigente da Fetrafi-SC, Jacir Zimmer, foi homenageado durante o evento, assim como toda a categoria pelo dia do bancário e da bancária. A representante dos empregados no Conselho de Administração da Caixa, Rita Serrano, lamentou a perda do dirigente da Federação para a Covid-19, assim como de milhares de brasileiros. “Vivemos em um momento difícil de muitas perdas, mas é fundamental sempre lembrar o legado que as pessoas nos deixam. O legado de coragem, de convicção, de luta. E tentar, através desse legado, usar essa lembrança e essa saudade como energia para que a luta continue. Nós estamos aqui, nós temos que continuar o que as pessoas começaram.”

Mutação do sistema financeiro e os impactos para a organização e estrutura sindical

Ao iniciar os debates, o secretário de Saúde da Contraf-CUT, Mauro Salles, afirmou que a categoria e o sistema financeiro estão passando por profundas mudanças por conta da pandemia e das mudanças causadas pelo avanço das novas tecnologias, que tem afetado os postos de trabalho, as profissões e as atividades laborais. Para ele, tudo isso impacta o lado mais fraco, que é o do trabalhador.

“As empresas lançam mão de vários mecanismos para externalizar esses custos e fazer com que os trabalhadores paguem mais essa conta através da “modernização trabalhista” como, por exemplo, a terceirização e a ampla flexibilidade das novas contratações. Hoje, temos bancário autônomo, PJ, MEI, ampliação da jornada de trabalho e formas precárias de remuneração”, criticou Salles.

Com isso, a lógica imposta é a do individualismo. O seguro privado se impõe à seguridade social, a assistência social está acima do direito coletivo e a meritocracia se transformou em valor predominante. Ao mesmo tempo, “há um aprofundamento da digitalização das transações financeiras, reconfiguração de agências, novos modelos de negócios e de trabalho, bancos digitais, inteligência artificial, homeoffice, open banking. Tudo isso impacta na saúde do trabalhador, levando muitos colegas ao adoecimento”, ressaltou o diretor da Contraf.

A categoria bancária tem um alto índice de adoecimento psíquico, conforme estatísticas da previdência social comparando com outros setores da economia. Com a pandemia, tudo isso vem aumentando rapidamente. Para piorar ainda mais, a interação com os robôs, por exemplo, cresceu 80% segundo dados do Dieese, de 2013 até hoje. Mais de 4 mil agências físicas foram fechadas no último período. Desde 2006, os agentes autônomos de investimento cresceram 129%. De 2013 a 2020, houve uma diminuição de mais de 83 mil postos de trabalho. E estes são apenas alguns dados trazidos por Salles para mostrar como a categoria está sendo impactada.

 

Já a representante dos empregados no Conselho de Administração da Caixa, ao abordar a atual conjuntura, enfatizou que, apesar da crise financeira e da crise social que abateu o Brasil no último período, o sistema financeiro tem sido uma das atividades mais rentáveis. Ela também destacou que “as fintechs não param de crescer.

Sobre as privatizações, Serrano alerta para o fato de que “embora o discurso oficial diga que a CEF e o Banco do Brasil não estão na lista de privatização, nós sabemos que isso não é verdade. Existem muitas formas de você privatizar uma empresa, você pode vender ou pode privatizar através de subsidiárias. No caso da Caixa, desde 2018, ela passou de 3 para 13 subsidiárias, e agora quer a autorização do Banco Central para criar esse banco digital. Tudo com objetivo de privatizar. Isso é uma preocupação e tem que ser pauta, porque quem de fato faz investimentos no país são os bancos públicos.” E ainda questionou: “Imaginem vocês o que seria do Brasil nesta pandemia, se nós não tivéssemos lutado para manter o mínimo de patrimônio público?”

Debate das COEs e apresentação do Dieese

Os representantes das Comissões de Organização dos Empregados (COE) dos bancos trouxeram os relatos da situação específica de cada banco que representam. Além disso, o representante de Santa Catarina no Comando Nacional dos Bancários, Marco Silvano, relatou o que vem sendo discutido nacionalmente a respeito das reivindicações da categoria.

A economista do Dieese, Vivian Machado, trouxe inúmeros dados estatísticos que comprovam as colocações dos dirigentes. O destaque foi para a queda no saldo de emprego na categoria bancária no Brasil. “Houve uma redução de 82.698 postos de trabalho de 2013 a 2020. Foram fechadas 1.647 agências em apenas doze meses”, ressaltou a técnica do Dieese.

Ao final da atividade, foram eleitos 24 delegados para a Conferência Nacional dos Bancários. A Fetrafi-SC informa que, posteriormente, publicará as moções e as resoluções aprovadas no evento, assim como as deliberações da 23ª Conferência Estadual dos Trabalhadores do Ramo Financeiro de SC.

Fonte- Comunicação Fetrafi SC